Eu

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"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar na verdade não há..."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ditadura da Beleza

Ganhei um scarpan prata lindo do meu namorado, presente de natal que eu mesma escolhi, saí da loja feliz que nem “pinto no lixo” (alôou, pintinho que vem da galinha viu...rs). Naquele dia era a estreia dele no MMA (Artes Marcias Mistas), o famoso “Vale Tudo”, então pensei...”É hoje que vou arrasar com meu scarpan prata”, afinal de conta somente nós mulheres sabemos do que uma mulher de scarpan se sente capaz de fazer, rsrs....E assim fui eu, com meu scarpan, linda, sorridente, poderosa, de andar sexy...até que uma dor que ia dos pés até meus cabelos começou a me torturar. Eu me sentava, tirava meu “querido” sapatinho como quem não se importa, querendo parecer despojada, largadona (imagine a cena...), calçava de novo, andava mais 5 metros, e procurava desesperadamente jeito de me sentar e novamente descansar os pés (descansar os pés?!), de repente os amigos do meu namorado chegam para assistir o evento e lá de longe eles começam a acenar me chamando... sem poder me levantar de tanta dor nos pés e sem saber o que fazer comecei a acenar também pedindo que fossem onde eu estava, mas eles não podiam entrar, os seguranças os barraram....Então, num esforço quase sub-humano calcei aquele escarpan assassino e comecei a tentar ensaiar o mesmo caminhar sexy de quando cheguei ao evento, era impossível, meus pés estavam sendo torturados por aquele maníaco (o sapato) com aparência acima de qualquer suspeita...mancar era inevitável, me senti ridícula, uma pata choca que nunca andou de salto ( claro que patos não andam de salto,rs). Andar com aqueles sapatos era tão doloroso que desejei ter uma “rasteirinha”, eu que odeio rasteirinhas, e sempre disse que preferia morrer a ter que usar uma ....Quando consegui chegar até os amigos do Ulisses (meu namorado) eu mais parecia uma doida....olhos arregalados, pernas tortas, descabelada. Cumprimentei-os rapidamente e mais depressa ainda me sentei, mais uma vez tirei os assassinos dos pés e me senti no paraíso depois de muito agonizar. Sentada decidi não mais me levantar daquele lugar, não conseguiria mais andar, até que notei algumas luvas, bermudas e camisetas de luta sendo vendidas e junto com elas as famosas havianas, que eu nunca achei que combinavam muito comigo, rs. Parecia que eu tinha avistado água no deserto, saltei da cadeira descalça mesmo e avancei na direção das havaianas, não tinha meu número (calço 33, rs), então comprei um par duas numerações acima da minha, (vai que as havaianas resolvem me machucar também?!) e sentei-me satisfeitíssima para assistir às lutas, não sem antes proibir qualquer comentário a respeito.
Joguei o scarpan prata fora no outro dia (dar pra alguém? Primeiro que não conheço mais ninguém que calce 33, e depois se eu não iria calçá-lo, ninguém mais iria), e junto com ele todas as calças que pareciam costuradas no corpo, os corpetes que quase me deixavam sem poder respirar, e declarei guerra à ditadura da beleza.
Resolvi me liberar ( deixando claro que não estou falando que vou andar desleixada por aí), e prometi a mim mesma usar somente roupas que me deixassem bonita e confortável (não estou falando que vou sair de moletom né), mas um scarpan que não assassine os meus pés e calças que não deem a impressão de que fui mumificada. Cansei sabe, é, tô cansada de viver na ditadura da beleza...horas na academia (eu sei, exercícios físicos fazem bem pra saúde, mas quantas mulheres malham só para cuidar da saúde?! Fala sério né!) puxando pesos, fazendo abdominais em posições quase ginecológicas para alcançar a tão sonhada boa forma das “paniquetes” , depois passar horas no salão de beleza buscando um cabelo parecido com o de uma atriz da globo, sem falar nas dietas malucas ( dieta da lua, dieta da água e outras tantas que agora não me recordo os nomes)...Chega! Não quero mais buscar tanta perfeição. Tenho me deixado levar pelas imagens vendidas pela televisão como se fossem regras a serem seguidas, mas não dá mais, eu não quero mais me sentir na obrigação de ter o corpo perfeito, nem o cabelo mais bonito, e muito menos a roupa mais sexy....Só quero ser uma mulher que coloca seu tênis e faz uma caminhada só pra relaxar, que veste uma calça jeans e uma regata sem dor na consciência por não estar “vestida pra matar”, quero colocar uma rasteirinha sem me achar uma alienígena por não estar de salto alto, dá pra entender?!
Agora tenho que sair, vou ao cinema, preciso me trocar, e isso requer escolher a roupa certa os sapatos certos, fazer maquiagem, escovar os cabelos...rs, Aposto como quer saber se vou usar um scarpan!

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